Thursday, December 30, 2010

Quem não gosta de castelo, bom sujeito não é

Em geral as pessoas gostam de castelo. São estruturas belíssimas, com jardins maravilhosos, nos mostram um pouco do passado, etc e tal.  Estar na França e não fazer um roteiro do tipo "castelos do Loire" é quase uma heresia.

Pois eu tenho que confessar uma coisa. Eu acho castelo uma coisa uma coisa meio chata. Quanto maior, pior. Quanto mais rococó, pior ainda. Um pequeno, que dê para entrar e sair em menos de uma hora,  é o ideal.

Outro problema é lembrar o nome dos tais castelos. Na hora a gente se sente inteligente,  pronunciando aqueles nomes pomposos e acha que nunca mais vamos nos esquecer. Deixamos o local já nos sentindo mais cultos.

Pois foi o que aconteceu nesse aí da foto. Para começar, acho que é o menor castelo do Loire. Ponto pra ele. E estava vazio. Maravilha. Deu para entrar e sair em 1 hora. E nem bem deixamos o local, eu já não fazia idéia do nome. Visita perfeita. Missão cumprida!


Mas tinha um cachorros muito simpáticos e barulhentos.


Mas tem uma coisa que eu lembro da nossa "pelo castelo do Loire", em vez de "pelos castelos do Loire" - a razão porque esse esse Loire tem tanto castelo.

O Rio Loire corta a França na horizontal a uns 100-200 km abaixo de Paris. Para proteger a capital, o rei repartiu as terras em volta do rio entre seus apaniguados para que esses construam castelos e se encarreguem de formar uma linha de defesa. Assim ele terceirizava sua proteção para eles. Bacana. Boa idéia.

Outra observação meio intelectual é a diferença entre castelo e palácio. Castelo é fortificado e palácio não. Por isso, castelos costumam ficar na zona rural e os palácios em cidades. Simples e claro.

Se esse conceito é realmente verdade, o chateau que visitamos é na verdade um palais pois não tinha fortificação nenhuma. Ou seja, ainda estou devendo uma visita a um Chateau de la Loire.






Tuesday, December 28, 2010

Celebrações natalinas com conexão internacional

Tudo começou com a "inesperada" chegada do papai noel (em pessoa) de trenó na estação de esqueci. Frisson entre os esquiadores, correria e alegria das crianças.
Mais tarde, as crianças de reuniram no hotel para uma visita do papai noel. Cada um fez um desenho para presentear o bom velhinho quando chegasse. 
Sempre paira a dúvida sobre a autenticidade do cidadão de barba branca, mas dá para ver o espanto na cara do Daniel quando o Papai Noel chegou, não?














Celebramos o natal com uma ceia improvisada no nosso quarto. 

A vantagem de estar na Espanha é que mesmo uma ceia improvisada pode contar com vinhos, jamones e quesos de primeira. Mesmo comprando no supermercado da esquina!

Assim evitamos ser extorquidos pelo hotel em sua ceia de natal.

Aliás, isso é uma coisa insuportável.

Todos os hotéis do mundo acham razoável cobrar pacotes all-inclusive que custam 3 a 5 vezes mais que o preço normal por uma ceia de natal, chegando a mais de uma centena de euros por pessoa. Quem quer gastar 1000 euros ou mais um jantar com um monte de gente desconhecida?

Não sei se já fizeram as contas e concluíram que isso é uma boa idéia, ou é pura ganância aliada à estupidez. Como não descemos, não dá para dizer se estava cheio. Mas minha hipótese é que não. 







Pois comemos bem, trocamos presentes e o pai de deleitou em suas tradicionais ligações natalinas, só que dessa vez pelo Skype. 

Ele andava para cima e para baixo com o tal notebook no colo e gritando ao microfone. Quase nem precisava da conexão Internet para ser escutado além-mar.







Monday, December 27, 2010

Esquiando em Baquera Beret

Estação de esqui preferida da nobreza espanhola, e agora da classe remediada gaúcho-paulistana, Baquera Beret foi testemunha do talento da família Waismann Lara para os esportes de inverno.

Passamos 4 dias nos refestelando no novo hotel Val de Neu, aproveitando que os españoles não gostam de viajar no natal e que a alta estação só começa dia 26 de dezembro. Nada como um certo desapego às tradições para economizar algum dinheiro.

Contratamos um instrutor particular para os quatro dias. Foi ótimo. Começamos na pista baby no primeiro dia e, no quarto dia, estávamos descendo belas pistas de nível principiante e algumas intermediárias.

Foi super legal. Apesar dos inevitáveis acidentes de percurso, as crianças de soltaram logo e realmente se divertiram. Eu também consegui deslizar bem, mas sem o mesmo desprendimento e com um estilo que eu apelidei de "camarão".

A Miroca esquiou no primeiro dia, mas depois preferiu ficar aproveitando o hotel, tomando chocolate quente e tirando fotos da estação de esqui. Os resultados vocês podem ver aqui no blog.






















Friday, December 24, 2010

Milagre de São Tiago



Pois tivemos uma chegada conturbada em Bilbao.

Na noite anterior, em Bordeaux, o Daniel caiu do beliche no hotel e deu uma tremenda pancada com o dedão na estrutura metálica da cama. Ficou com dor por várias horas, até que o levamos para o Hospital Pediátrico da Universidade de Medicina.

O atendimento foi bem bom, fizeram radiografias, examinaram o dedão e concluíram que não havia quebrado nada. E o melhor é que foi grátis. A preocupação é que talvez não fosse possível esquiar dali a alguns dias...

Para garantir, sugeriram que ele andasse uns dias de muleta. Pais extremados que somos, compramos as tais bequilles anglaises, como sugerido.

O dedão foi devidamente enfaixado. Para alegrar o convalescente, todos nos prontificamos a assinar o "gesso" para augurar um pronto restabelecimento.

O milagre propriamente dito se deu em Bilbao, cujo padroeiro é São Tiago. Após o Daniel passar uma boa parte do dia com suas bequilles, chegamos a uma esquina de onde se avistava um belo parque, com vários brinquedos e muito sol.



Vendo aquela maravilha, a Sofia disparou em direção ao parque. O Daniel, num momento de fé e contrição, subitamente libertou-se daquelas muletas e partiu também em disparada. Aleluia! Bendito seja São Tiago.

O menino, desde então, não fez mais uso das muletas, que foram doadas quase sem uso para o serviço de assistência social da igreja católica de Paris.

E o melhor, o Daniel nem se lembrava da contusão dias depois, quando fomos esquiar....

Thursday, December 23, 2010

Bilbao y el Gugui

Há tempos queríamos conhecer Bilbao. Meu pai fala disso desde que construíram o Guggenheim.  E foi tudo o que estávamos imaginando.

Bilbao era uma cidade cinza, industrial até os anos 80-90. Havia sido o berço da industrialização espanhola, com muita indústria pesada e poluente. O canal que corta a cidade e leva ao mar era usado para embarcar os produtos. Com a clima de lá, muita chuva e névoa, o resultado era uma cidade lúgubre.

Hoje em dia é difícil imaginar. O canal foi limpo e suas bordas re-urbanizadas. Nesse ponto foi uma vantagem que elas estavam ocupadas com fábricas e seus pátios e barracões. Foi mais fácil desapropriar e o  espaço era fabuloso.

O Gugui, que é como chamam o Museu por lá, é espantosamente bonito. Para mim, a foto mais bonita é essa em que ele aparece no fundo de uma rua.














Ficamos num super hotel, o Meliã, que ficava na borda do canal, bem no coração da parte re-urbanizada da cidade. Banhos de espuma e camas super macias do tamanho de uma quadra de tênis. Talvez isso seja um pequeno exagero, mas aqui fala um pouco minhas raízes españolas, que tem uma certa inclinação pelo dramático....